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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

UM CARNAVAL INESQUECÍVEL*

O Carnaval estava se aproximando em ritmo acelerado, numa mistura de sons e cores que já faziam parte do cotidiano, contagiando a todos com sua energia eletrizante.
Neste momento tudo cria vida e faz com que seus palhaços, pierrôs e colombinas renasçam após um longo tempo de dormência para invadirem toda a cidade, através das histórias de Vó Nininha, que parecia ainda viver das lembranças do passado.
Ninguém naquela casa tinha mais tempo e paciência para suas lamúrias, preocupados apenas com os últimos preparativos para o Carnaval. Ensaiavam os passos e telefonavam pra um e pra outro, querendo juntar a galera. Mas Marquito, que ainda não tinha nem gingado e nem galera, bufava no cantinho do sofá, se remoendo de raiva porque só tinha quatorze anos e aquela bagunça toda era proibida para ele. Proibida por quem? Por Seu Nilton, é claro; o pai todo poderoso, aquele que se dizia o “General da Banda”.
- Marquito, há sua hora ainda vai chegar.
Só que esta hora não chegava nunca e na noite de sexta-feira a família inteira se embonecava, soltando a franga na avenida, sendo que o pobre garoto recebia a missão especial de cuidar de Vó Nininha.E o que isto significava? Simplesmente ouvir suas histórias da Carochinha, como se fossem inéditas e atuais. Depois fingir que havia adorado, já fingindo que havia adormecido.
- Pô, pai. É Carnaval... Ninguém merece!
Um motivo a mais para ele ficar trancado dentro de casa, fazendo companhia àquela mulher “maravilhosa, simpática e muito criativa”.
Seu Nilton despediu-se com um sorriso maroto, cantando o hino do Timão com suas latinhas de cerveja a tiracolo, se sentindo o Galo da Madrugada.Aliás, como se fosse realmente curtir o Carnaval, porque depois que tomava “todas” sempre tombava num canto qualquer, revirando os olhinhos.
O jeito mesmo era se conformar com as histórias de Vó Nininha, rezando com fervor para que ela fosse descansar mais cedo.
PRONTO, tudo estava preparado para a "Grande Festa". Marquito roía os últimos tocos de unha e não disse uma palavra, protestando em silêncio, toda aquela opressão. Fechou o portão mudo de raiva.Mirou Dona Nininha por rabo de olho e percebeu que ela não tinha culpa de nada .Então, para facilitar o diálogo, foi logo se espichando no sofá:
- Então, como a senhora já disse no ano passado; em 1928 colocou a sua deslumbrante fantasia de colombina e conheceu um pierrô muito “charmoso”. Um “chuchuzinho”! Ficaram se paquerando durante cinco anos; namoraram durante dez; casaram-se e o meu pai logo nasceu. Aí nasceu tia Lídia, tia Júlia, tio Eduardo, tio Bidú...- suspirou profundamente.- E aí...
- E aí, meu querido, que naquela época ainda não existia tantas modernidades como agora.
- Sei disto.Não existia o computador, o celular, o DVD...
-E muito menos o preservativo.- afirmou.
Nossa mãe! Que bomba! Marquito já ouviu muito sobre preservativos, mas nunca imaginou que aquela mulher tão antiga, da época de 1928, pudesse estar falando sobre "aquilo".
-Estou falando sobre a camisinha, meu querido. Isto mesmo.Você talvez ainda seja uma criança, mas é importante que saiba que a camisinha evita a gravidez indesejada e também as doenças sexualmente transmissíveis.Se na minha época existisse a tal camisinha, talvez hoje a história seria outra...- suspirou, sorrindo.
Ela caminhou lentamente até o seu quarto, procurando um pacotinho colorido que estava no canto da gaveta.
- Marquito, este presente é pra você.
- Mas eu nem vou pular o Carnaval, Vó...
- A camisinha não é apenas para ser usada no Carnaval. Você precisa se cuidar todos os dias do ano.Quem gosta de você, é você mesmo, Marquito. Quando sentir que chegou a hora, não se esqueça dos conselhos da vovó. A gente também pode se divertir com alegria, equilíbrio e prevenção. O Carnaval acaba na quarta-feira de Cinzas, mas a vida continua.Isto é saber viver, meu querido!
Marquito nem acreditou no que estava ouvindo; Vó Nininha realmente entendia das coisas.Nisso ela soltou uma gargalhada gostosa, abriu o velho baú com cuidado e rapidamente colocou uma fantasia antiga de carnaval, que deveria estar ali há muito tempo.
- Vamos pular o Carnaval, meu querido.Vem...
Nisso os dois se abraçaram com imenso carinho, rodopiando pelos cômodos da casa numa festa de emoções.Nunca se divertiram tanto!
A noite de Carnaval foi a melhor de todas, pois aquele menino, quase um rapaz, percebeu que os anos passam, mas a sabedoria, o diálogo e a confiança prevalecem sempre, unindo gerações e criando histórias inesquecíveis, como somente Vó Nininha saberia contar.

Silmara Retti -

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