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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SEM PALAVRAS








Quando o caminhão de mudanças atravessou a rua, chacoalhando de lá pra cá alguns móveis antigos, a pequena Adelaide ria para o vento de pura felicidade, porque estava em direção á casa nova.E que de nova não tinha nada.Simplesmente era um cômodo miúdo que mal cabia um armário de madeira, um colchão furado e de brinde toda aquela criançada barulhenta que achava graça em tudo.
Seus irmãos eram terríveis e eles não se contentavam em apreciar a natureza, meditando num canto qualquer. Tinham que fazer muito barulho, deixando todo mundo com os cabelos em pé!Mas para ela o importante era uma janelinha colorida que dava vista para o mar, deixando a casa muito mais bonita.
Era um quadro natural que já fazia parte do cenário, com direito à exclusividade, porque combinava direitinho com os enfeites da estante.
Adelaide passava horas olhando para a rua, observando cada morador que saia logo cedo para o trabalho. E lá no meio da muvuca, estava Isabela, uma menininha sonhadora que filmava tudo com os olhos, para depois desenhar no seu caderno. As duas se viam todos os dias, mas nunca se falaram.Era como se fossem duas estranhas .
Isabela não dava atenção para ninguém, vivendo em um mundo só seu.Decerto se achava a bonitinha do pedaço e fazia muito gosto em ficar com uma gaiola velha no colo, trancafiada do portão para dentro de casa.
Adelaide não se conformava com tamanha indiferença, se remoendo de curiosidade para saber o motivo de tanta solidão.
Talvez fosse chata, implicante ou sem graça, mas isto não justificava a petulância de não lhe dizer uma só palavra.
Poderia ser qualquer coisa, desde que pudessem começar uma nova amizade.E assim Adelaide ficava matutando um modo de lhe chamar à atenção e fazia de tudo para que a outra percebesse a sua presença.Agora era ponto de honra! Ela fazia questão em desafiar a outra menina com desaforos, ditos no meio do quintal.
E mesmo assim Isabela parecia distante, sem dar a menor importância para aquela lamúria toda.

Ela era muda e a família preferiu isolar a menina do mundo, para que ninguém lhe conhecesse de verdade.E Isabela não era apenas uma menina diferente; era muito especial!
Mas preconceito não combina com felicidade e ela não poderia viver assim o resto da vida.Não era justo que se isolasse do mundo por não usar o mesmo tipo de linguagem das outras pessoas, sendo que a amizade é um sentimento Universal.
Só que isto elas apenas aprenderam numa tarde de domingo, quando o passarinho de Isabela havia fugido da gaiola, fazendo com que ela chorasse desesperadamente.
E fugiu para onde? Para o quintal de Adelaide, é claro!
Agora seria uma oportunidade e tanto para que lhe desse o troco e desta forma escondeu o danado embaixo da própria blusa.
Ela não sabia das dificuldades de Isabela e foi para o portão lhe fazer chacotas, enquanto a outra se descabelava toda.
Aproximaram-se lentamente e Adelaide lhe mostrou a cabecinha do passarinho, dando uma gargalhada maldosa.
Queria que lhe implorasse pelo bichinho, porém Isabela continuava com lágrimas nos olhos.
Foi assim que Adelaide conseguiu perceber o seu grande equívoco e ficou pasma diante de tamanha emoção.
A menina apenas lhe estendeu as mãos, pedindo que lhe devolvesse o amigo e desta vez Adelaide também lhe estendeu as mãos em sinal de paz!
Sorriram, achando graça uma da outra e de repente o passarinho não vacilou, fugindo para cima dos telhados das casas e indo embora para sempre.Mas tudo bem, porque agora Isabela tinha uma amiguinha que lhe entendia de dentro para fora.
Poderiam brincar de qualquer coisa, pois a amizade de Adelaide e Isabela não precisava de argumentos.
Era de coração e este sentimento não precisa de palavras para ser completo.Necessita apenas de Amor para ser feliz!


SILMARA RETTI

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