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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SEGURA ELA, GENTE!


















Cissinha era uma mulher que vivia exatamente dos trocados que ganhava limpando o palacete da patroa e aquela “fortuna” não servia para nada, porque depois do dia 10 ninguém encontrava a boneca desfilando por ai.Decerto se entocava no buraco do tatu, fingindo de morta só para não pagar ninguém.
Fazia milhares de dívidas como se fosse a poderosa Rainha da Mufunfa! Que piada mais ridícula do mundo, porque ela não tinha aonde cair morta, precisando até fazer um curso de equilíbrio para conseguir suportar o peso de tanto carnê!
Era o carnê do “mico” ondas, do “figo” bar e do aparelho de “são”. Aqueles cacarecos ficavam empilhados num cômodo apenas, sem luz elétrica e sendo iluminado por um lampião velho. E Cissinha ficava fula da vida, dizendo com a boca cheia que tinha o direito de consumir também:
- Eu sou pobre, mas sou gente!
Gente de carne e osso, carteira de couro e com as antenas ligadas em qualquer pechincha; qualquer promoçãozinha besta e barata que pudesse entupir sacolas e mais sacolas de pacotes maravilhosos que levavam Cissinha á loucura, principalmente no dia do pagamento .
O salário daquela tonta era um cisco de nada em vista da montanha de bugigangas que aparecia na sua porta.
Cissinha era pirada de tudo! Era uma consumidora fanática e não conseguia se controlar, sentindo tremedeiras de emoção ao ver uma propaganda nova na TV. Ainda mais se o produto era facilitado em 36 vezes de um valor pititiquinho, quase nadica de nada!A sensação em ver o caminhão virar a esquina com aqueles homens maravilhosos vestidos com um macacãozinho azul era muito forte.
Um bem adquirido e sacramentado, em duas vias, sem fiador e comprovante de renda, era uma terapia maravilhosa.
Depois eles desovavam o pacote, achando mesmo que se tratava de alguém com muitas posses!
Taí o segredo de tanto prazer, pois Cissinha esquecia de vez a sua infância pobre todas as vezes que sacava o seu Super Carnê, deixando para trás qualquer coisa que rimasse com: - pouco dinheiro ou pobreza e somente assim “crescia” por dentro, abafando para os outros e para si mesmo .
Era uma forma de “aumentar” a sua auto-estima e de ficar devendo cada fio de cabelo, é claro.
Por mais que tentasse por um breque nesses instintos selvagens e nesta gula de consumo, não conseguia de jeito algum .Você pode até achar graça nas picaretagens de Cissinha, mas isto é um problemão .
O Dia dos Pais estava chegando e aquela maluca já estava PIRANDO .Só de pensar que as lojas estariam entupidas por barbeadores elétricos, pijamas de seda, cadeira do papai , vendedores babões tratando qualquer Zé Mané como se fosse o Lordy Gato ...se empipocava toda .Pronto! Não agüentou tamanha pressão psicológica e quase lhe amarraram na cama .
Tudo em vão ! Cissinha teve um surto, saindo para a galera .
Parecia hipnotizada , abobada, macumbada ...Mais que depressa GRUDOU a bolsinha debaixo do braço, passou um batom vermelho , deu um tapa na peruca e FUI !
O barato é que Cissinha nem tinha mais pai vivo, porém isto era um detalhe bobo .O importante era o valor sentimental da coisa .Cruzou a rua da direita, virou a esquerda e caiu com tudo na loja principal da cidade .
Estava se sentindo em casa, no próprio lar .Se acabou nas bancas e no crediário , com os olhinhos piscando a mil por hora . Os vendedores amaram Cissinha, dando brinde surpresa, pirulito de graça , vale-compra ...
Ela atravessou a rua sorrindo de emoção e quando chegou do outro lado da calçada estava chorando feito louca .Que horror, não tinha mais um tostão furado !
Estava arrependida e morta de vergonha .Era impossível pagar tantas dívidas assim e não tendo outra pessoa a se apegar, foi direto para a casa da patroa, contando-lhe sua triste desventura .Dona LILI lhe passou um sabão daqueles , depois ficou comovida e prometeu lhe ajudar.Tudo bem, vai .Que atire a primeira pedra quem nunca fez uma besteira na vida...
Dona Lili foi até o Banco, pediu um empréstimo para o gerente e acompanhou a coitada da mulher até a loja, liquidando de uma só vez todas as prestações posteriores .
Pagou a conta dos presentinhos do papy de Cissinha , que chorava lágrimas de sangue .Conversaram sobre o assunto e ela jurou de pés juntos que NUNCA MAIS .
Nunca mais até o próximo dia 10, é claro .O tempo passou ligeirinho e Cissinha estava envergonhada com toda áquela situação. Então pediu saída mais cedo do serviço para refletir melhor sobre o assunto, tomar um banho quente, comer um miojo, descansar assistindo uma TV ...Êpa, promoção a vista !
- aparelho de musculação em oito vezes sem juros, com direito a uma mesa de canto totalmente grátis ?
- um kit capilar com xampu importado, peruca de várias cores e um implante de mechas loiras de meio metro ?
“TÔ DENTRO !” . Não pensou duas vezes .Afinal de contas Dona Lili merecia um presentinho no capricho, com entrega a domicílio e direito a uma super foto ao lado do gerente da loja .Isto sim era digno de qualquer freguesa cinco estrelas, sindicalizada pelo clube dos Consumidores Unidos Jamais Serão Vencidos , graças a sua tremenda picaretagem, ao seu faro de raposa e ao seu olho de luneta, maior que a própria cara , é claro .


Silmara Retti -

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